Mola emolecular - conclusão


Toda a fabricação do inconsciente não garante que ele deixe de ser ao mesmo tempo, molar/molecular. É necessário admitir o estatuto maquínico do inconsciente numa subjetividade que se encontra em profusão de agenciamentos de dupla face. Pode parecer contraditório falarmos de sujeito nessa altura quando já tratamos da questão anteriormente. Reiteramos que há um sujeito, mas que tipo de sujeito? É sempre um sujeito escorregadio. Na correlação de forças heterogêneas, surge um sujeito passageiro, sempre fruto de correlações. Sujeito relacionado e conectado pela conjunção “e”, “e”, “e”, depois”. Trata-se da correção micro e macro que não é a relação de maior e menor, pois “o molecular, como processo, pode nascer do macro. O molar pode se instaurar no micro”.[1] Os dois movimentos imanentes a um mesmo sentido. Não se pode pensar que um transcendente se instaure sem que as forças vitais não o desarrume e contrarie a sua lógica. É a coerência do pensamento deleuziano, pensar nisso como a lógica do sentido que substitui a procura da verdade. “... nomos nômade das atualizações precárias, das séries divergentes, das criações imprevisíveis”.[2] Antes do encontro com Guattari, Deleuze já teoriza as bases do pensamento para essa essa grande jornada que culmina em Capitalismo e esquizofrenia. As palavras justas e as ideias verdadeiras são substituídas pelo movimento contínuo, disjunções sem fim após sínteses inclusivas.


[1] GUATTARI, F./ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Editora Vozes, 1986, p. 128.
[2] BADIOU, A. Deleuze: o clamor do Ser. Tr. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 16.

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