Na madrugada insone, um galo do vale, cantava – socorroooooo! – na prateada noite, sob a lua cheia, naquele vale de cinzas sombras, o clamor do galo ressoava sem que ninguém percebesse que não era um canto que se dissipava na noite, mas um pedido desesperado de socorro – socorroooooo! Era o que saia do bico do galo, – o que esse galo emitia, era o uso que podia fazer, de seu clássico canto das madrugadas. Quem sabe, esse galo da montanha, já havia percebido que seus dias de galo estavam se findando. O u não se sabe que os galos escutam as intenções de seus donos? Ele devia saber que logo, no amanhecer daquele domingo, viraria ensopado com batatas para a festa da família – era essa a razão de seu belo canto ter se transformado num solitário e nostálgico pedido de socorro. Em minha cama, sem poder dormir, acompanhava a agonia do clamor do galo que, sem a misericórdia de deus, estufava o peito e clamava só: - Socorroooooo! Socorroooooo!