Postagens

Mostrando postagens de 2022

Controle

  O que podemos controlar no mundo? Quase nada, diria um estoico. “Escolha não ser prejudicado – e você não se sentirá prejudicado. Não se sinta prejudicado – e você não será” (Marcos Aurélio – Meditações ). O autor de Meditações está sugerindo o que está à mão e pode ser controlável. Escolhas que podemos fazer em relação a nós mesmos. Nessa direção se encontram os princípios da ataraxia ( Ἀταραξία) , ausência de inquietude, de uma mente inquieta. É uma pratica a ser desenvolvida, um treino mental de exercícios diários do como não me perder em meio ao caos das confusões da vida cotidiana . O outro princípio a ser considerado vem do termo apatheia ( πάθος - pathos ) significa ausência de sofrimento ou de paixão. Trata-se de uma decisão pessoal, de deixar de fora de mim as paixões que tiram a minha paz e a minha serenidade, de me distanciar daquilo que não posso influenciar. No belo filme, “Um dia de Fúria” (1993) onde Michel Douglas encarna o personagem William Foster, que es

Mudanças

 

O Tempo

     Em Hamlet, Shakespeare diz: o tempo está fora de seus gonzos, ou seja, "andam desarticulados os tempos". A percepção do gênio é maior do que o tempo das convulsões sociais de nossos tempos ou dos seus dias. São os portais do tempo que não têm mesmo gonzo algum - o tempo flui na direção da seta ou circula.       Não importa, ele flui ou retorna infinitamente trazendo uma repetição de novidades eternas. Eis a nossa questão: o tempo e nosso corpo. São passagens de três dimensões do tempo em nós. São três sínteses, uma é passiva, o tempo opera em nós sem que nada possamos fazer. Um Eu fragilizado que se fratura, atravessado pelo tempo liso inaugura a passividade da primeira síntese.       Foi Freud quem disse primeiro dos neurônios estriados e do conjunto de outros, não estriados. Nos últimos, a energia flui livremente. E nos primeiros, uma Quantidade é retida para dar início ao Princípio de organização daquilo que, mais tarde, o pai da psicanálise chamaria de ap