Controle
O que
podemos controlar no mundo? Quase nada, diria um estoico. “Escolha não ser
prejudicado – e você não se sentirá prejudicado. Não se sinta prejudicado – e
você não será” (Marcos Aurélio – Meditações).
O
autor de Meditações está sugerindo o que está à mão e pode ser
controlável. Escolhas que podemos fazer em relação a nós mesmos. Nessa direção
se encontram os princípios da ataraxia (Ἀταραξία), ausência de inquietude, de uma mente
inquieta. É uma pratica a ser desenvolvida, um treino mental de
exercícios diários do como não me perder em meio ao caos das confusões da vida
cotidiana. O outro princípio a ser considerado vem do termo apatheia
(πάθος - pathos)
significa ausência de sofrimento ou de paixão.
Trata-se
de uma decisão pessoal, de deixar de fora de mim as paixões que tiram a minha
paz e a minha serenidade, de me distanciar daquilo que não posso influenciar.
No
belo filme, “Um dia de Fúria” (1993) onde Michel Douglas encarna o personagem William Foster, que está sob forte
paixão (pathos), tomado pelos problemas, perde completamente o controle
de suas emoções. Numa cena muito curiosa, onde o trânsito está completamente
parado, o personagem se encontra ao volante do seu carro, com os vidros das
janelas fechados, mas persiste um barulho ensurdecedor no interior do carro.
Ele decide, por impulso, abandonar o carro em meio ao trânsito engarrafado. Ao
abrir a porta e sair do carro, surpreendentemente, do lado de fora, está tudo
calmo e silencioso. Os carros estão parados, mas não há confusão. Na ausência
da ataraxia e da apatheia, todo o barulho e confusão da vida de
Foster permanecem dentro dele e seguem em sua mente até o desfecho trágico do
filme.
“Os
eventos podem fazer as pessoas perderem a calma e agirem de forma imoral, mas
ainda assim elas não são prejudicadas pelos eventos, mas sim por suas reações a
eles” (Meditações).
Comentários
Postar um comentário