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Mostrando postagens de 2015

Sabiá

O sabiá parou de cantar mais cedo nesse ano, algo se dá na natureza que influencia o comportamento animal. Félix Guattari chama de ritornelos, os sons dos animais - que nós chamamos de canto - e ingenuamente dizemos, "eles cantam para a glória de Deus" - Não, longe disso, os pássaros são ateus e órfãos. Eles cantam para delimitar territórios existenciais; para seduzir seus parceiros sexuais, para afastar intrusos e predadores (...) (Branco - no café com Guattari).

Humano

O que faz do homem tão humano é a sua peculiar oposição a tudo que é da ordem da natureza - isso é tão básico que nem se nota - o ato de cobrir a natureza com vestes, de esconder tudo que é excretado, vai da simples vestimenta, que ganha no mercado de modas, uma "naturalidade," até a arquitetura de nossas cidades que tem na, formação dos engenheiros e arquitetos, o foco em ocultar a natureza em nós e sobrepujar a civilização. Os confessionários são silenciosos, o sexo e o erotismo é constantemente censurado à luz do dia, os excrementos escorrem nos subterrâneos das cidades e entre as paredes dos edifícios. Ou seja, o que nos faz humanos é essa característica de ter horror a tudo que é natureza em nós (Branco - no café com Bataille).

Natureza

Esse fato, do homem se pensar fora da natureza, tem consequências devastadoras para a vida. Só o homem pode pensar que o seu poder de domínio sobre a natureza, é ilimitado e pode ser exercido sem precisar prestar conta a ninguém. Sob esse olhar de dualidade - homem/natureza - o humano não percebe a natureza e os animais da natureza com a mesma dignidade que a civilização o fez olhar para si mesmo. Daí, o homem tratar a vida animal como se ela não fosse sujeito de direitos (Branco - relendo o Anti-Édipo).

Sade

O que o Marquês de Sade quis mostrar de forma mais repugnante e violenta é que, aquilo que mais nos revolta, tudo o que nos choca e causa náuseas - está em nós mesmos - e que, só não o fazemos por falta de oportunidade (Branco - no café com Sade).

Erotismo

Sabemos das razões do humano negar a sua perversão; ficamos humanos em demasia, dirá Nietzsche, edipianizados em excesso, dirão os críticos da psicanálise - mas o fato é que a pulsão tem direito ao seu destino e a libido aos seus objetos. Choramos demasiadamente por amor, por ciúmes ou por qualquer apego que fatalmente teremos que tecer um dia seu luto. Somos pervertidos originalmente e nenhuma moral religiosa tem mais poder do que nossas perversões - mais barato nos sairia assumir nossa natureza (Branco - no café com Georges Bataille).

Sujetividade

Respondendo a um interlocutor ansioso: Máquinas de Guerra e Aparelhos de Captura se opõem. Uma Máquina de Guerra não derrama sangue. Os Aparelhos de Captura são do Estado. A literatura de Franz Kafka, é uma máquina de guerra contra os Aparelhos de Captura do Estado. Essas máquinas de guerra, o teatro de Artaud, o erotismo de Sacher-Masoch, os bebês, a poesia de Borges, os romances de Herman Mellvilly, do casal fitzgerald, o deboche que os "autores menores" fazem da literatura oficial, é tudo isso, uma Máquina de Guerra que afronta o intolerável (Branco - no café com Deleuze/Guattari).

Subjetividade

Ainda respondendo ao interlocutor ansioso: existe a palavra "salvação" nessa linha de pensamento, se circunscreve às linhas de fuga ativas. São modos de singularização, mas nunca se pensa em salvação coletiva, muito menos ainda, salvação da alma ou da morte eterna. Trata-se da fuga ao intolerável. Precisamos ser salvos do intolerável que esmaga nossos modos de ser e de criar. Tudo que massacra nossas possibilidades de sentir novas sensibilidades - uma nova suavidade, diria Suely Rolnik - é disso que precisamos ser salvos. E tal salvação, é individual. Por isso, uma micropolítica que vai desde a casa, passando pela escola e igrejinhas. O que tentamos fazer em aulas, uma nova suavidade - aulas no Pier - nos debates e nas experimentações perigosas de introduzir um livro louco nas aulas (Branco - no café - com Deleuze/Guattari).

Subjetividade

Podemos assistir as Guerras de nossos tempos: a do Golfo, a do Irã, a do Iraque - a eterna guerra do Afeganistão - ou podemos pensar que, tudo é uma única Guerra contra o Estado Islâmico. Vai nos parecer uma guerra justa, do Bem contra o Eixo do Mal - já dizia um Bush, o mais estúpido deles. Pouca gente vai saber que essas guerra tem origem nos anos 30 com a formação das empresas perolíferas europeias e norte-americanas que dominam a área com a colaboração de mega empresários do Oriente (Branco - no café com Guattari).

Subjetividade

"Uma novela," "um filme," "uma série" ou um(a) professor(a) continuará decalcando os papéis sociais anteriormente definidos - o que vai fazer com que esses papéis pareçam ser de ordem natural - Definições binárias continuarão a produzir linhas estriadas no interior mais escondido dos indivíduos. Mesmo no campo das psicopatologias, tudo vai parecer como se fosse natural. Já existem estudos que "comprovam" ser, as doenças características de nossa sociedade capitalista. Mas parecerá como fenômeno da natureza (Branco - no café com Guattari).

Subjetividade

Vou usar a expressão, "fazer parecer como se fosse normal", para explicar ao meu modo, o que seja "produção de subjetividade". Primeiro é preciso não se iludir, toda máquina de subjetivação está à serviço da dominação para que um poder seja exercido. Daí é possível que Bashar al-Assad possa parecer seguidor do Cristo da Galileia. Ou que, um dos nosso ladrões no poder possa parecer inocente mesmo que se prove o contrário. Ou ainda, que o Supremo Tribunal possa parecer fazer justiça o tempo todo - tudo vai parecer como se fosse - mas a máquina de subjetivação não vai permitir vazamentos para o povo (Branco - no café com Guattari).

Subjetividade

A produção de subjetividade se encontrara num lugar importante nas sociedades; mas em nossa sociedade capitalista, como em nenhuma outra, ele é "plural, polifônica" (...) não havendo nenhuma instância predominante sobre as demais. A internet trabalha em conjunto com outros órgãos de "indústria cultural", fazendo com que a máquina de subjetivação não apareça, embora esteja agindo em turno de 24 horas - sem férias e sem paradas técnicas. Tudo que o centro operador, desejar no sentido de subjetivar, poderá conseguir sem resistências do povo - já que o "povo" está produzido no seio da máquina de subjetividades (Branco no café com Guattari).

As moscas

As moscas em Sartre - na peça, As moscas - se refere ao sentimento de culpa carregado na cabeça do povo francês ainda muito religioso - na época da invasão. A igreja se aliou ao invasores e manipulou o discurso da submissão e obediência aos nazistas. Já em minha alusão, as moscas são a cristandade ou não que, devoram as condições de vida do povo que, aqui também, carregam as moscas da culpa e do castigo. Por isso, não reagem a nada. Arranja um culpado e carrega as cargas (Branco - bom dia).

As moscas

O poder, nas páginas "Das Moscas", precisa de fábulas para enganar, de deuses para intimidar e da ameaça por meio da violência - esses elementos juntos servem para causar a fraqueza, a tristeza e, consequentemente, a submissão. Na peça, os deuses se divertem com a desgraça humana, mas são os humanos que criam os deuses que se divertem. O grande filósofo quis dizer, provavelmente, estamos sozinhos e condenados à liberdade. Inventamos nossos fábulas para fugirmos de nossas responsabilidades pelos nossos atos. Por isso ouvimos tanto, "se Deus quiser", "se Zeus permitir", "se Alá me der um sinal" (Branco - no café da Travessa).

Povo

Farei aqui a minha pequena diferença entre "povo" e "multidão" - talvez para que eu mesmo entenda as razões das moscas voarem tão livres e gordas sobre nossas cabeças. O que se tem numa democracia como a nossa, é um povo. E povo é demasiado piego, tomado de remorsos, pesado de culpa. Povo é um rebanho feito de palavras pastorais - vive de falsa esperança num outro mundo - daí, as moscas sobrevoarem os rebanhos. E, por outro lado, multidão é de natureza animal, que se une em torno do comum. Quem pode deter uma multidão? Por isso, Toni/Hardt dizem da "produção do comum", uma democracia da multidão. Que haja multidão enfim! (Branco - no café relendo Sartre).

Viver

Os verbos, "viver" e "existir", não querem dizer a mesma coisa - pelo menos no sentido que defendo. Existir é estar no mundo, lançado nele sem que os indivíduos escolhessem. Existem muitos indivíduos que apenas existem.  E viver, está em relação com dar sentido a existência que não tem sentido. Viver as potencialidades da vida e do corpo. Ir lá onde se desmesura as formas dadas, criar novas formas de pensar e agir. Inventar formas de vida. Singularizar-se em meio aos modelos impostos - estamos nos planos da vida (Branco - no café).

Boca

Uma boca é muito mais do que um órgão de falar e de comer. Os lábios que fazem o conjunto boca, antecedem o órgão e empresta intensidade ao que seria apenas uma mecânica - no dizer de Descartes -, são os lábios que podem confundir, eles entram em planos intensivos quando a mulher morde os lábios, contorna-o com cores vivas, quando umedece de propósito ou quando - num jogo lúdico de variações - deixa entre abertos ... seus lábios (Branco - no café)

Boca

Já havia dito, não sei quando, que existem duas metodologias para analisar o conjunto boca-lábios: uma é da física clássica de Newton, onde as partículas rígidas que emanam dos lábios só permitiriam que eles fossem a porta de entrada de uma máquina de comer. A outra forma, muito mais interessante, é da física atual. Nesse plano, os lábios introduzem uma intensidade aos olhos de quem vê. São partículas loucas, pré-formadas que desfazem a máquina de comer e trazem aos lábios a loucura do desejo desmesurado. Os lábios que fazem-nos entrar em indefinidos... prefiro essa metodologia (Branco - no café).

Boca

Na trilha da física atual, os lábios entram no jogo lúdico da sedução - somos animais que seduzem, não apenas para procriar, mas também para ter prazer. Os lábios são uma arma delicada, em forma de pétalas de flores diversas. Eles são meticulosamente usados na arte de atrair para a armadilha da sedução. Devemos ao sábio "barbudo do charuto"* a maior e a mais bela teoria libidinal - o conjunto boca-lábios é a primeira área do corpo a ser libidinada. Não se sabe se não ler - as razões de se gostar tanto, de beijar, tocar, chupar, sugar, lamber - do que os lábios em conjunto podem (Branco - no café). * Sigmund Freud

Beijos

Os beijos delicados, em toque leves e preguiçosos, onde os lábios deslizam sobre as costas nuas... os lábios úmidos na nuca, no canto simétrico entre o lábio superior e o nariz...área de produção de feromônios perfumados...os lábios em seus cantos...beijos simulados de um "não querer", mas de uma potência devastadora... os lábios que passeiam por todo o corpo e que fazem os amantes irem lá onde a alma encontra o seu Ser (Branco - de férias no café).

Viver

Voltando ao tema do "viver" e "existir" - ainda usando a sensualidade das bocas-lábios - a existência se funda numa essência que devém do indivíduo vivo; mas não necessariamente com significados de uma vida intensa, como dizia anteriormente em relação ao "uso" dos lábios-boca. O viver está ligado ao fato de produzir significados para a existência. Nosso corpo é extenso, mas é também intenso. O que isso quer dizer? Acho que viver significa viver não apenas a extensão de um corpo, mas também a sua intensidade. Ir ao limite do que se pode. Descobrir o que os lábios no conjunto do corpo pode experimentar em sua intensidade - inclui a mente. Quem vai se interpor ao que é bom para o corpo? Qual a moral que teria moral para dizer que o corpo não pode isso, não pode aquilo etc.? Que se contorçam os moralistas de plantão (Branco - no café).

Livres

Como o indivíduo humano esconde a angústia de ser livre? Num jogo mental de má-fé, numa trama psíquica de Eu sobre si mesmo - isso ocorre de tal maneira sutil que faz parecer o nascer do sol em sua naturalidade - "se Deus quiser", diz o homem de má-fé. Ele deveria querer de tal maneira - só, em seu reino de solidão - assumir esse querer de forma a se repetir sob cada nascer do mesmo sol. Mas a má-fé, faz o homem denegar a sua responsabilidade pelos seus deveres e desejos. "Deus quis assim"; é "a vontade de Deus" - diz o homem em sua imaturidade (Branco - no café).

Moscas

Estamos como em França na época da ocupação nazista? Somos um povo morto que virou carniça? E o nosso céu está enxameado de moscas que cobrem nossos cadáveres em busca de um resto de carne apodrecida. Sartre soube como ninguém dizer dessa coisa em nós que nos faz calar diante do intolerável. É quando os homens lutam para servir voluntariamente. O regime politico atual reduz os indivíduos ao temor e submissão de forma mais atenuada do que numa tirania. Os políticos engordam como porcos castrados comendo nossas carnes, e sorriem nas entrevistas como se tudo fosse assim mesmo, como se fosse normal (Branco - no café).

Sobre a frágil política

Nossa conclusão nesses dias longos, de uma política sombria, é que governar não passa de enxotar moscas. As mesmas moscas que devoram a carne do povo, repartem os recursos parcos da carniça. "Não tem dinheiro," dizem as velhas e gordas moscas verdes. Elas têm o riso largo quando dizem não ter dinheiro para a a saúde pública ou qualquer coisa pública. Os "rola-bostas" se juntam ao coro e dizem: "não tem dinheiro para a educação". O governo diz em seu silêncio desesperado: "não ha tempo para governar", temos que enxotar as moscas verdes e empurrar para lá os rola-bostas (Branco - no café relendo Sartre).

Lentidão

Existe uma beleza na suavidade dos movimentos lentos... no voo da águia que flana no ar... nas marolas das ondas que desaguam na areia... no espelho d'água ao toque de uma leve brisa.. no caminhar do corpo feminino que desliza dentro de um fino tecido de seda .... na música lenda que se arrasta...... no caminhar preguiçoso.... pensem no quão belo é! (Branco - no café).

Lentidão

Gosto de andar lento, com preguiça, gosto de falar com lentidão... de me levantar com preguiça... amo o ócio. Quero um mundo mais lento onde se possa ouvir o trinar dos pardais... ouvir os sons não-humanos da natureza... quero silencio, para perceber tudo o que o barulho e a pressa me impedem. Quero pessoas mais preguiçosos comigo, que andem lentamente, que comprem menos... pessoas que descansem o garfo e faca no prato entre cada mastigada ao almoçar.... quero andar entre as gramas dos jardins na lentidão.... dormir com suavidade...amar sem pressa (Branco - no café).

Palavras de ordens

O que pensamos de um "discurso", de uma "fala", de uma "saber especializado ou não" - desde o  discurso do pai que se transforma em "nome do pai" ou na "lei do p ai" - Primeiro Foucault, depois  Lacan, penso em termos de Gilles Deleuze: um saber é sempre "palavras de ordens" para conter fugas e dominar as reações.  Nesse sentido, penso a educação como produções de discursos, de saberes - longe de libertários - , que  funcionam bem como palavras de ordens. O "tu deves" permeia o discurso. É o modo sistemático de  colocar indivíduos no "bom lugar" (Branco - no café).

Política

A politica deixou de ser àquilo que se pensou no seu primórdio - o diálogo entre os homens da polis - e virou uma metafísica que sujeitou o indivíduo à condição de sujeito-objeto do fazer político alhures da polis. Digo de uma metafísica porque o corpo político não se encontra num lugar onde se possa aprisioná-lo dentro de uma ordem de legitimação da vida. Não, a vida determinada por uma política alhures da polis é, na verdade, um combate à vida (bios). Situação onde a vida nunca foi tão sacrificável (Branco - no café com Agamben).

Crise

Quando falam de crise, que crise? Nunca compactuei com a ideologia da crise. Não é o fato da vida ser crítica ou trágica - no dizer de Nietzsche? -,  Por isso, defendo que o estado de crise nunca foi exceção, mas significa mesmo que o sentido da vida e da vida social é estar sempre indo. No caso brasileiro, existe uma tal crise no plano burguês e, por outro lado, uma festa nas baixas classes periféricas?  A Europa vive em crise desde 1929, seria esse o caso, de haver uma crise/revolução burguesa que nunca pode cessar? (Branco - na clínica lendo Ortega y Gasset).

Produção

A miséria como produção capitalista pode ser explicada no fato de, a produção de mercadorias, depender de uma produção de subjetividade não qualificada.  Sendo assim, é inevitável a produção de miséria e precarização como resultado de uma produção geral - a capitalista (Branco - no café com Lazzarato)

Deus

Nesses dias de economia de mercado, religião de mercado, virtualidades de mercados, etc. Não se trata mais de saber se Deus está morto ou se sobrevive à religião dos mercadores televisivos.  Deus vai permanecer insistente no cenário porque, mais do que nunca, Ele é uma gramática.  Não se se livra de uma gramática que estrutura a subjetividade - ela se transforma na própria alma individual e coletiva (Branco - no café com Lazzarato).

Estamos sendo

Sou negro , sou branco, sou pardo, sou moreno, sou mameluco, sou amarelo, sou vermelho, homem e mulher - sou todas as cores do mundo - sou isso "e" àquilo, sou "e" e nunca sou "ou" - sou uma síntese inclusiva sem poder ser excludente. Sou o pássaro que voa e o animal que rasteja; sou o tempo que me submete ao dia e à noite... sou o vento, o fogo, a terra e o ar... a água me invade todo sem me afogar. Ou seja, sou passagens, fragmentos disso "e" daquilo, sou bricoleur. Essa condição não nos deveria fazer menos dogmáticos? (Branco - no café).

Indivíduo e Sociedade

Na relações de colonização, colônia e colonizador - existem as ilhas e a grande Ilha metrópole - a verdade é tudo o que pode conectar as ilhas ao Centro de todas as ilhas.  O que não pode ser verdadeiro para a metrópole, não o pode ser para as ilhas. Isso enquanto a relação entre metrópole e ilhas for vantajosa para a Grande Ilha (branco - no café).

Indivíduo e Sociedade

Na visão de Sloterdijk, uma sociedade é uma ilha - uma horda - de fantasmas e corpos-sonoros, de uma sonoridade psíquica, onde todos devem tomar como verdades àquilo que os mantêm num espírito de pertencimento.  O que seria a verdade então? Os fantasmas e a psico-sonoridade que os une e lhes mantêm coesos numa fraternidade, é claro. Eis o conceito de verdade! Tão somente o que é compreendido (Branco - no café).

Política e Sociedade

Se é verdade que Napoleão foi um maluco que acreditou ser Napoleão, o mesmo sucedendo com outro maluco que acreditou ser Hitler - podemos acreditar que na história das ideias - estamos sempre sendo conduzidos por malucos que acreditam neles mesmos como uma força política capaz de arrastar multidões (Branco - no café).

Política e Sociedade

Num momento histórico - da história das ideias - podemos pensar que um deus maluco, que odiava a ideia de unidade identitária, se envolve com o povo da Torre de Babel exatamente para barrar a unidade em detrimento da expansão.  O deus do Antigo Testamento abomina qualquer unidade que não seja ele mesmo o Senhor de tal unidade - por tanto, mesmo que as ações, tenham sido disfarçadas de ações divinas; sempre houve intervenções contra a unidade.  Isso vai contra a tudo que os clássico sociólogos pensavam em termos de unidade de uma sociedade (Branco - no café).

Política e Sociedade

Em nosso caso, trata-se de uma classe abastada e proprietária dos bens historicamente transferidos - de pais aos filhos - que repudia a unidade nacional. Classe abominável quando se trata de dividir os bens da nação de forma mais igualitária.  Esses, não tendo mais um deus em quem se apoiar, valem-se do mercado religioso sem deus - cujo deus, sendo o dinheiro e a opulência, não tem pudor nem respeito pela vida do próximo, pois o único próximo, é todo aquele que se aquadrilha em assaltos à ingenuidade do rebanho (Branco - no café).

O Homem

Nessa manhã, de uma suposta Independência, releio Peter Sloterdijk - num café da cidade, é claro - revejo com o pensador que, a invenção humana se caracteriza no fato do homem ter adquirido uma cabeça grande, peles finas.  As mulheres terem ficado belas, de pernas alongadas, vozes articuladas na linguagem - todos se fundam numa sexualidade crônica - onde os mortos se tornam notavelmente inesquecíveis - Eis o que  chamam de homem! (Branco - no café).

Ninguém precisa ter fé numa coisa que existe; a fé só é exigida quando uma coisa tem sua existência duvidosa ou nunca existiu (Branco - no café).

Esperança

No Ocidente cristão, confunde-se o desejo com esperança.  Segue-se a seguinte lógica: eu tenho algo que desejava, logo não posso continuar desejando esse algo, pois já o possuo. Nesse momento que a mentalidade ocidental lança os indivíduos numa perspectiva esperançosa, a de continuar tendo o que já possui - daí, toda angústia de nossa civilização.  Angústia por ter o que não possui e angústia para manter a permanência da posse (Branco - na clínica).

Cabelos

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O que são os cabelos de uma mulher? A moldura do rosto. A extensão final do corpo. O retoque da criação. Os fios do tecido corporal que atinge o olhar masculino como flecha certeira. O ícone que transmite signos difusos, emaranhados, lisos, crespos, embaraçados, cacheados, loiros, negros, vermelhos, caindo como labaredas, flanando como asas ....o que são esses fios desconcertantes que pendem da cabeça, descem pelos ombros, dissimulam o olhar - às vezes - seguem retilíneos até os quadris ou mais? Os cabelos, essa arma feminina irresistível que fascina e hipnotiza ....não sei exatamente o que é, se fui assaz e convincente.... se era isso, nem sei se era isso que quis dizer (Branco - no café).

TRABALHO

Para meus alunos que estudam Richard Sennett, saibam que a ordem geral de uma cultura capitalista - e só existe uma cultura, a capitalista no dizer de Félix Guattari - é a "disposição de destruir o que o que já se fez". Portanto, a marcha de uma revolução que se deve instituir, não pode ter a da mesma lógica dos revolucionários - precisamos implementar sistemas mais permanentes, amores mais duradouros, amizades mais profundas, relações mais significativas (Branco - aula de Sociologia)

O Galo

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Na madrugada insone, um galo do vale, cantava – socorroooooo! – na prateada noite, sob a lua cheia, naquele vale de cinzas sombras, o clamor do galo ressoava sem que ninguém percebesse que não era um canto que se dissipava na noite, mas um pedido desesperado de socorro – socorroooooo! Era o que saia do bico do galo, – o que esse galo emitia, era o uso que podia fazer, de seu clássico canto das madrugadas.  Quem sabe, esse galo da montanha, já havia percebido que seus dias de galo estavam se findando.  O u não se sabe que os galos escutam as intenções de seus donos? Ele devia saber que logo, no amanhecer daquele domingo, viraria ensopado com batatas para a festa da família – era essa a razão de seu belo canto ter se transformado num solitário e nostálgico pedido de socorro. Em minha cama, sem poder dormir, acompanhava a agonia do clamor do galo que, sem a misericórdia de deus, estufava o peito e clamava só: - Socorroooooo! Socorroooooo!

Eu

Quando se diz “Eu,” se diz mais de um Outro do que de si mesmo. Isso por que, de uma forma fatal, é um Outro que nomina o eu quando ele é a penas um corpo biológico. E o Outro que dá o nome, que dá a fala aos sujeitos que nascem sem nome, sem fala e sem falo - diz de seu desejo para esse eu passivo. É o Outro que diz arbitráriamente: “você é carlos, joão, maria; é lindo, linda!” e que dá sentido. É o olhar do Outro, a vontade do Outro, o desejo do Outro que decidiu assim. Então, o Eu é uma construção social sempre mediada pelo Outro. Tudo bem, mas isso não basta. É preciso descobrir nesse modo de produzir uma subjetividade as implicações éticas para a vida desse sujeito que reside debaixo do Eu, que pensa saber tudo sobre si mesmo. A formação do Eu começa com um “eu te amo”, “tu és lindo (a)”, “tu és a minha felicidade”, “a minha alegria”, etc. Há uma exterioridade que pesa sobre a formação do Eu que funciona como força atratora das atenções dos outros. A questão ética se enc

Trabalho

No mercado de trabalho da economia de mercado, não é necessário ideias novas; a necessidade é de rostos novos, novas simpatias, corpos novos para serem consumidos. No capitalismo, o produto e o consumo somam juntos o fetiche da mercadoria. Tudo é velho, mas a simulação do novo faz parecer novidade - a única coisa nova é o alcance da tecnologia que encurta tempo e distancia. Isso fica demarcado no belo filme, Advantageous (Branco - no café).

Pensar

O que nos faz pensar, afinal? Não seria o impensado que força a passagem na consciência acomodada no senso comum? Não seria ainda, uma violência sobre o bom senso entre as faculdades da mente? Pensar não é recordar, nem refletir - pensar é, na verdade, pensar o impensado ainda (Branco Branco).

Eu

Vão me agredir certamente, quando afirmar que as certezas são ficções de nosso Eu - somente o eu pode ser crente em certezas dele mesmo. Estando ele assentado sobre uma matéria fluida - o inconsciente - que certeza, e de onde, o Eu pode subtrair a não ser de uma ilusão de si mesmo? Fora isso, o indivíduo todo, com Eu e não Eu, só tem uma certeza, a de que um dia incerto vai se pulverizar no mundo. Desse pavor, provavelmente, de não-ser-Eu, que se inventa tantas fantasias de si mesmo (Branco - bom dia).

Incerteza

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Nós somos deslocados continuamente do leste para o oeste, de cima para baixo, de todos os lados, em todas as direções - sentimos a sensação de estarmos fixos num ponto - criamos um horizonte - nossa Côte d'Azur - e, com ele, temos a percepção de segurança; mas estamos indo - todos e tudo - num vagar no universo inatingível à deriva das estrelas (Branco - no café).

Paradoxo

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Caminhávamos lada-a-lado nas louras colinas da Toscana; mas não estávamos lado-a-lado, nem mesmo nas colinas louras da Toscana. Na nova realidade da física atual, estamos em toda parte, o tempo todo, com todo mundo e com ninguém (Branco - na clínica).

Política

A grande política não é mudar o mundo que aí está, nem criar outro ou destruir esse; a maior e mais bela política consiste em denegar o mundo (Branco - no café).

Beleza

A beleza e o belo não são padrões universais. Tudo que um dia é padrão perde a fluidez que é a intensidade do belo. Logo, o belo e a beleza, são universais sem padrão algum (Branco - no café).

Beleza

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A beleza e o belo são singularidades em indivíduos afetados por intensidades - antes, préindividuais - depois, singularizações de efeitos sobre os corpos afetados por afetos além do humano (Branco- no café).

Velocidade

A velocidade não gera um novo encantamento que ela mesma soterrou; ela é antes de tudo, o único encantamento que sobrou (Branco - no café).

Velocidade

O desencantamento do mundo é a marca da pós-modernidade. O mundo ficou Real demais, transparente demais, verdadeiro demais? Ou seria uma simulação de tudo isso, mas sem encantamento algum? (Branco - no café).

Estilo

O charme e a beleza de alguém vem da singularidade que faz desse alguém um acontecimento singular (Branco - no café).

Olhar

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Há mulheres, muito poucas, que sabem tirar partido do olhar. Elas sabem emitir signos vindos do mais profundo universo inonimável (Branco - no café).  

Amor

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Amar alguma coisa ou alguém é um começo equivocado de amar. Amar, antes de tudo, é amar o amor. Estar apaixonado numa potência que nasce em si mesmo e por si mesmo. Amar o amor é a afirmação dessa potência. Estar radiante consigo mesmo. Obter o charme e a graça de ser apaixonado pelo que é; pelas coisas que faz; por estar vivo no mundo. Depois, pode-se amar alguém com as mesmas qualidades (Branco - para meus alunos(as) e pacientes).

Felicidade

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A visão só pode ser motivo de felicidade para um cego, já que ele não a tem. Os que enxergam não são felizes por essa razão, pois quem tem não pode desejar o que já tem. Por isso, de uma forma, José Saramago procura dizem em "Ensaio sobre a cegueira" - é preciso ficar cego para começar a ver o que os que enxergam não vêem (Branco - filosofia para todos).

Potência-Ato

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Em François Châtelet, a imanência é a relação da potência - ato. O corpo é justamente isso, cada potência se realiza em ato. Essa é a tese de Aristóteles, não existe potência que não leve ao ato. Mas não se trata do pensamente de poder e ação - aqui já entramos no campo subjetivo do Eu e do Outro - Potência-ato é um jogo de forças imanentes. Assim como a água que é potência e sempre se realiza em si mesma (Branco - aula de filosofia).

Transcendência

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As doenças da mente só se justificam por causa dessa "guerra". O Eu é uma entidade social interiorizada em nossa cabeça, são estratificações que fazem os indivíduos andarem "na linha". O corpo sempre anda "na linha". Desde sua formação, o corpo segue a vontade da natureza: velocidade, repouso e lentidão. Sendo que, a linha do corpo é imanente à vida. E a linha do Eu, são valores morais. Nisso se trava uma batalha (Branco - aula de filosofia).

Imanência

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Que há uma guerra entre o corpo e o Eu todo mundo sabe. Mas existem muitos equívocos do como essa guerra se trava. O corpo se move por si e para si mesmo - ele é imanente. O Eu se move pelo outro e tem sua origem no outro - ele é transcendente. São direções opostas (Branco - aula de filosofia).

Dúvida

A "dúvida metódica" é o momento que antecede  uma certeza. Quando as certezas se estabelecem antes, sem que permita a dúvida, é porque mais uma religião vai surgir ou uma sistema de tirania (Branco - aula de filosofia).

Paixões

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Existem duas modalidades de "paixões" - coloco entre aspas para ressaltar a complexidade do conceito - as paixões (emoções) podem ser tristes, quando nos diminuem a vontade de viver; e as paixões (emoções) alegres, que nos aumentam a vontade de viver. Muitas vezes permitimos que, outros nos afetem com as primeiras, sendo que somos afetados sem que tais paixões não tenham origem em nós mesmos (Branco - clínica psicológica em Espinosa).

Paixões

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Quando as paixões de origem alheia causam no sujeito das paixões - dor e sofrimento - Estando preso numa situação que não começou, embora tenha permitido que se prolongasse no corpo, fica-se refém de um outro que lhe detém nos fios da marionete. Uma trama de emoções e manipulações onde indivíduos se comportam semelhantes aos modernos equipamentos de controle remoto (Branco - na clínica com Espinosa).

Paixões

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Nós ignoramos um outro modo de ser no mundo. Entramos pela porta do espelho - onde o outro disse quem sou eu - sem poder saber, por um bom tempo desse modo de ser, andamos na vida sem saber que nós mesmos ainda não somos o que pensamos ser. É preciso fazer a primeira revolução de nossas vidas para inventarmos a nós mesmos. Esse processo pode significar o nascimento da angústia que sempre queremos adiar, mas é inevitável (Branco - na clínica).

Natureza

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Nessa manhã ensolarada, vamos falar de coisas mais simples, do olhar sempre deslumbrado das corujas, por exemplo. Estariam elas encantadas pela elegância da natureza ou somente os olhos da coruja podem perceber que a natureza ama a dissimetria? Nesse caso, estou com as corujas. Não vejo harmonia na natureza, mas o predomínio do caos se presentifica nela. É preciso ter o olhar de coruja para perceber o além da ilusão sobre a natureza (Branco - no café).

Café

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Deliciosa rotina das manhãs de um final de semana: acordar e seguir até a cozinha, fazer um delicioso café, abrir as cortinas da sala, olhar a estante pegar o livro de ontem - José Ortega y Gasset, A rebelião das massas - deitar no sofá e saborear café com livro (Branco - no café).

Massa

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A grande e sutil estratégia da manipulação da massa está no fato de se excluir completamente a consciência da individualidade. Um homem medíocre, desprovido de qualquer talento ou formação intelectual só tem a percepção da natureza de sua mediocridade fora da massa. O poder faz uso de uma psicologia e insere indivíduos em "massas" determinadas. Dentro de uma aglomerado religioso, onde homens simples vestem ternos - mesmo aqueles surrados e incompatíveis com o seu corpo - ouvem promessas de serem possuidores do "poder de julgar anjos"; falarem a língua de outros tantos anjos! Nesse momento, ele já não é um em sua solidão, mas se fez massa e ganhou carne e espírito da massa que compõe (Branco - no café).

Massa

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Um fato que os sociólogos devem estar pensando - Bauman e Negri/Hardt, talvez - Trata-de do novo caráter da multidão. Há um aspecto novo na multidão, ela não se forma mais espontaneamente, existe uma visível manipulação na formação da multidão - ou existem multidões, como ressalta Ortega y Gasset? - As igrejas estão lotadas, os teatros estão lotados, as boites estão aglomeradas, as ruas, os estádios de futebol - em toda parte há multidão. Mas essa multidão cuja "carne" levava a um deslocamento politicamente assustador, parece, nesses espaços, pacificada e em conformidade com o tempo (Branco - no café).

Vie, rien ne

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Ao lixo ruidoso que se chama religião em nosso dias, foi dada a tarefa de julgar a vida. A banalidade desses indivíduos, berrando nos meios de comunicação, iludindo e se apropriando dos bens e do bem maior dos seus rebanhos (o pensamento) é o nível máximo em que a mediocridade humana pôde chegar. Ou ainda existe um abismo mais profundo do que esse? Como pode ser aceito que homens enganadores ocupem o lugar de julgadores da VIDA? Não se vê nisso uma segunda morte de Deus, depois daquela prenunciada por Nietzsche? (Branco - no café).

Vie misérable

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Falo de um bando que clama por audiência - de boca escancarada berram suplicando mais e mais dinheiro - inventam novas e mais cargas para o camelo arrastar pelo deserto da vida. Eles matam Deus para fazer ressurgir uma figura mais odiosa, o Deus-homem que adora o capital-dinheiro. Na confluência, do capital-dinheiro com o Deus-homem, inventaram um novo culto. Nesse culto, os rebanhos veneram seus pregadores ricos e adoram o capital-dinheiro como prova da benção do Deus morto (Branco - no café).

Merde de vie

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Eles compõem o exército da má consciência, introduzem a falta, a culpa, o medo e nojo ao mundo. São contagiosos, fazem a humanidade acreditar que sem eles não sobrevivem. Em troca da doença que interiorizam vendem o bálsamo da mentira - ontem o perdão condicionado, hoje a prosperidade enganosa - Na verdade, esses pregadores, espalham a negação da vida por onde passam. São mercadores de miséria junto com seus correlatos - os ladrões travestidos de parlamentares (Branco - no café).

Merde de vie

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Na "má consciência" vemos a verdadeira inversão de valores: os pregadores inventam valores morais que passam a julgar a vida. Dizem que tais valores são superiores à vida. E os salvos serão, não mais os fortes, mas os fracos, os debilitados que são confundidos como os piedosos. Daí, se sentem cheios de poder por merecer a graça. Nietzsche lembra da imagem da ovelha e da águia: a ovelha diz que poderia fazer tudo o que a águia faz; porém, prefere fazer uma renuncia em nome de sua crença nos valores superiores (Branco - no café).