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Mostrando postagens de julho, 2016

Máquina

Como podemos ver, a “dança” entre virtual e atual realiza um movimento no tempo sob a direção de uma flecha temporal que vai do virtual ao temporal, mas a direção da flecha não é linear. É preciso introduzir o modo de funcionamento da máquina, que, com seus emperramentos, suas paradas bruscas, não envolvem menos intensidades confusas que ameaçam a estabilidade do mundo e irrompem atualizações novas, novas individuações (Branco - no café).

Sujeito

Não só o sujeito, mas a razão também vem depois. É a formação do hábito que fornece o sistema causal, a partir do qual o sujeito reflete e julga. O sujeito racional será, por fim, o efeito da apreensão e aplicação das regras gerais da formação do hábito. Antônio Damásio, Em busca de Espinosa, diz da inexorabilidade do corpo na organização de padrões mentais (Branco - no café).

Transexualidade

A transexualidade se define apenas pela cirurgia anatômica ou pode haver em maior grau uma transexualidade por transposição de signos? Vou dar três exemplos do segundo caso. A Cicciolina como boneca inflável; a Madona como androide de musculatura sem nenhuma sensualidade e o Michael Jackson andrógino frankensteiniano. Não são todos seres travestidos de signos, de trânsfugas do sexo? Parece que caminhamos nessa direção, onde a transexualidade de signos vai superar a troca de sexo por corte cirúrgico (Branco - no café c/ Baudrillard)

Estratégia

Fica aqui essa lição da natureza: quanto mais exposto, quanto mais se aparece e se chama atenção para si, mais problemas se atrai. Na natureza, os animais entram em camuflagens e mimetismo, para ficarem indiscerníveis e se protegerem dos predadores. Os humanos ao contrário, aparecem excessivamente, querem ser capturados por outro (Branco - no café).

Aula

·          Perguntei aos alunos se eles fossem invisíveis o que fariam? Percebi na maioria das meninas uma sensação de angústia e um certo disfarce da mesma: medo, desamparo, solidão....não é isso na verdade o que mais se teme na vida? A solidão? Ser invisível não foi percebido como grande oportunidade de ser livre das condições limitantes. Na verdade, se perceber livre nesse nível de radicalidade pode se descobrir o terror da solidão absoluta. Uma vez socializado, não se pode vive mais fora da cadeia do habitus - é o que nos põe "juntos" em bora desigualmente (Branco- aula /  Pierre Bourdieu)

Solidão

Esse é o fato incontestável, o de sermos desamparados, sozinhos, castrados, alienados e finitos num universo infinito.  Talvez por isso, inventarmos todos os nossos problemas cotidianos. Negamos o desamparo arranjando alguém que nem sempre nos faz bem - antes mal acompanhados do que sós - inventamos uma religião de submissão por ter medo da solidão e da morte - com a promessa de uma vida eterna. É bom que se esteja morto para não se ver o não cumprimento da promessa. Essa é uma das razões da "vida eterna" ser o produto mais bem vendido no mercado religioso, ninguém nunca voltou para reclamar a não entrega (Branco - no café).

Invisível

Podemos não ter a capacidade de nos tornarmos invisíveis; mas há uma estratégia de guerra em entrar em indiscernibilidade - a natureza sabe muito bem fazer camuflagens e mimetismo - o ser humano, por ser carente de mais em relação ao dito anteriormente, não suporta essas zonas de indiscernibilidade: veste roupa de mais, mostra-se de mais, se presentifica exageradamente; por isso, tem problemas excessivos (Branco - no café).

Indiscernível

Ficar indiscernível é entrar em linhas de fuga que nos põe em estado de nomadismo. É ser cada vez mais simples, cada vez mais sóbrio; porém embriagados. Uma embriagues sóbria. As pessoas fazem questão de aparecer de mais, falam muito, são carentes como os cachorrinhos, latem inutilmente, balançam o rabo excessivamente (Branco - no café).

Loucura

Sobre loucura e a paixão:  Platão, melhor do que ninguém, sabia ser mais prudente ceder às solicitações de uma amante (ou amante) que não ama - por manter a cabeça no lugar - a ceder à amante que ama (a apaixonada), pois está sempre está tomada pela loucura (Branco - no café).

Loucura

Por outro lado, Sócrates como bom sofista, defende que a loucura é a fonte de maiores bens. Não há criação fora da loucura, nenhuma arte no mundo, nenhuma forma seria des-formada. Nenhuma genialidade se os homens não fossem tomados pela loucura - sem caos dentro dos homens nenhuma ordem haveria no mundo - nenhum paradigma estético seria alterado sem um caos que o precedesse (Branco - no café).

Cinza

Gosto dos dias cinza.... o dia amanhece cinza no mais perfeito indefinido.... da janela do pequeno hotel vejo tudo cinza... o vento não pode arrastar o cinza do mar...as ondas cinzas...numa manhã indefinida, quase incolor, o dia deveria ficar suspenso...." é como um poema infindável, ainda que tenha um último ponto na última frase... soa bem como o, "nerver more"; "nerver more" do Corvo de Edgard Allan Poe - era uma cinza noite (Branco - no café).

Escrever

Já disse anteriormente, agora digo mais claramente: escrevo assim, como quem bebe água ou como alguém sufocado que quer respirar um ar puro lá da floresta. Não me importo se me entendem hoje, ou se me entendem mal - há um prazer em escrever, como há prazer em beber café com aroma do mato verde - escrever no café é um hábito de estar entre grandes autores (que eu não sou), mas tenho toda inspiração deles no ar da livraria, que serve ao mesmo tempo, café (Branco - Bom dia no café).

Nós

Somos fragmentos, uma re-união de pedaços em desarmonia - um pouco anjo; um pouco gente; um pouco bicho; um pouco humano; as vezes, demasiadamente humanos, mas apenas para esconder a nossa face mais horrenda: o homem dentro do bicho - Mas também somos a natureza - a água dentro de nossas veias, o fogo de nossas paixões, a terra em nossas sínteses minerais, o vento em nossos pulmões - somos todo o ecossistema num corpo complexo. Morremos de nossos vírus, de nossas bactérias. Muitos de nós, muito abaixo da linha da ignorância, nunca vai saber desses limiares que nos circundam - o nada e o todo (Branco - boa noite).

Café

"No Café..." significa uma situação de Acontecimentos. Onde almas se encontram para pensar, escrever, seduzir, encontrar, experimentar (...). O grande Che, disse uma vez em tom revolucionário: "se não há café para todos, não há café para ninguém" - uma síntese de uma pensamento revolucionária em torno de um grão que, depois de torrado e moído, resulta na bebida mais compartilhada e socialmente acessível do planeta (Branco - no café).

Escola

A escola nunca foi uma ilha de pureza; o portão da escola detém alunos atrasados, mas nunca foi capaz de deter as disparidades das classes sociais que existem além dos muros dela mesma. A escola é o palco onde o roteiro que se repete, é a mesma luta de classes da história. É nela, com raras exceções, onde se reproduz a matéria prima da luta de classes, a alienação (Branco - aula de sociologia).

Ilusão

O nosso grande desafio, desde a modernidade - marcada pelo renascimento - até a pós-metafísica, é o viver sem ilusão; porém iludidos de uma outra maneira não menos infantil do que a outrora ilusão da "Divindade Mecânica". Nossas ilusões de hoje são produzidas numa máquina abstrata de subjetivação diária. Nunca se foi tão facilmente iludido - desde o cronograma dos programas televisivos que não deixam de imbecilizar crianças e adultos, até mesmo em produção de ideias em círculos mais fechados - escola, por exemplo (Branco - C/ Gramsci).

Desilusão

A grande desilusão que me refiro, começa com a impossibilidade de entrelaçamento de Newton à Jeremy Bentham - da física clássica, da indivisibilidade do átomo à economia política clássica - onde se pensou criar uma sociedade de acordo com princípios rígidos das ciências da natureza - objetivando criar um mundo utilitário, ou seja: "um mundo de felicidades para o maior número possível". Qual foi a desilusão nesse sentido? O átomo é divisível e a sociedade é dividida injustamente. O tempo flui sob o Princípio da Incerteza, o inconsciente em nós é caótico, assim como, o universo inteiro o é (Branco - no café).

Profecia

Do alto de minha presunção, vou profetizar, mas já em atraso, a fusão da forma-mundo chegará junto com o fim dos portais do tempo.Shakespeare, quem anunciou em Hamlet: The time is out of joint - Não há ferrolhos nos portais do tempo. Logo, a fusão forma-mundo nos levará a formular - também - a fusão de todas as ciências como no mundo grego, onde se pensava as forças como uma teoria do Ser - desde Heráclito, o princípio da indeterminação, já se encontrava como Real. E o devir, como possibilidade maior de definição do Ser. Dividiu-se tudo em fragmentos pequenos; sem perceber que os fragmentos são o todo em fragmentos. Está próximo o dia em que alunos não estudarão mais matérias tripartidas - nesse dia, o arcaico professor, senhor de seu cantinho, se reduzirá ao pó de onde veio (Branco - no café).

Máquinas

Educar, para a inocência dos educadores, ainda se funda na relação sujeito que ensina e objeto que aprende. Ou, em áreas de pesquisa, sujeito que estuda e objeto (natureza) a ser apreendido pelo sentidos. O paradigma ficou superado com a morte dos sistemas dependentes da física newtoniana; mas, não se teve tempo para perceber: acossados por todos os lados, os educadores se vêem ocupados com questões do cotidiano. Não vimos a complexidade do homem, a multiplicidade no lugar do múltiplo e permanecemos na mediocridade do conteúdo vazio - quase sem sentido para a vida (Branco- no café com Edgar Morin).

Máquinas

Vou seguir a trilha de Morin, mas com outros autores de datas anteriores: Félix Guattari, Lazzarato, Varella, Pierre Levy e Gilles Deleuze: Quem se interessar pelo tema das "máquinas", continue lendo os textos. Através deles, optamos pelo conceito "máquina" e seus correlatos cognomes por explicar melhor o momento do homem quase inorgânico - maquínico - de nossos dias (Branco - com os pensadores).

Máquinas

Entramos aqui num terreno politico pouco observável pelos sentidos dados ou pelas informações dadas: trata-se da micropolítica que desenvolvemos anteriormente. Ou seja, o desejo faz parte da infraestrutura que conduz à produção da subjetividade. Logo, devemos concluir que a subjetividade constrói a realidade. Então, não pode ser visível a olho nu como se pensa na receptividade midiática - existe uma supra realidade, no meio da superestrutura, e existe uma infra-realidade subjetiva cujo plano de imanência é o desejo (Branco - com Lazzarato).

Máquinas

Já houve tempo em que se lutou por alguma ideia; hoje não existe ideia alguma. Falar de macroeconomia com seus derivados termos: emprego, desemprego, mercado, dinheiro - tudo, não passa de abstração - nada disso tem relação com a realidade social. A realidade social é movida pelo desejo de quem pode realizá-lo em certo nível de aquisição de bens e poder; e, por outra lado, pelo desejo de quem se imiscui como pode nos planos que restam em fragmentos. A mídia vai vai fazer parecer que tudo é da mais alta normalidade (Branco - c/Lazzarato).

Máquinas

Nessa linha de raciocínio, nossa crise que remonta aos anos 1970, deixou a muito de ser crise econômica como prefiguram os jornais que industrializam a farsa. Vivemos uma crise de produção/produzida de subjetividade. Os exemplos vêem da representação social de uma sala de aula. Quando tento fazer o aluno pensar no "que restaria na Terra, após 500 anos, sem o homem"; não fico surpreso com a resposta do aluno que se considera o mais sábio da classe, diz ele:  - O que importa, se eu não estarei mais aí (Branco - c/Lazzarato).

Máquinas

Modelos de subjetividade podem ser os que se aprende na escola, na família - e hoje também nas igrejas - de ter sucesso num negócio. Esse tipo, se fixa na máquina que se reproduz na repetição da semelhança. Defendo outras formas de subjetividade - que Maturana/Varella chamam de máquinas alopoéticas - são produções que produzem além de suas reproduções, ou seja, a produção da diferença na própria engenharia da máquina. A escola se fixa no primeiro modelo de máquina - a escola é uma máquina abstrata que se reproduz a si mesma nos mesmos moldes de subjetividade do poder que ela pensa contestar (Branco - c/Guattarri/Lazzarato).