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Mostrando postagens de julho, 2012

Subjetivação

Não há nada mais poderoso do que uma ideia implantada na mente humana com o status de verdade. Ela propaga como vírus, contamina tudo por onde passa, faz pensar que é normal e funciona à serviço do senso comum de onde vai se exigir o reconhecimento do bom senso. Quando tal ideia prolifera, torna-se dificil pensá-la como invenção ou imaginação. A vontade de que seja verdade, força o sistema cognitivo a desenvolver uma   trama   que   vai sutentar a ideia como se fosse verdade absoluta que vira dogma sagrado. Em torno de tal inveção se monta organizações e sistemas de poder. Muitos morrem por isso, morreram por isso. O pior é que - como um elefante que se amarra a uma cadeira de plástico, com um barbante e dela não se afasta, por absoluta incapacidade de pensar a sua miserável condição - o homem, também fica incapacitado de pensar que é um homem que pensa.

Mudança

Tudo que se encontra no tempo e no espaço, tudo que se localiza no cosmos, deve ser demolido com a ação do devir do tempo. Tanto no mundo físico, quanto no mundo das ideias ou das crenças, tudo deve ser dissipado junto com o evanescer do devir. Por outro lado, tudo que insiste em permanecer inalterado, tudo que pretende estar acima da crítica metodológica, é uma ilusão, mas também, um perigo para o fluir da vida individual. Nenhuma palavra de ordem, nenhuma verdade justa, apenas justas palavras provisórias para memórias curtas que se abrem aos devires sempre novos. Nenhum valor permanente que ultrapasse o justo tempo de sua utilidade, valores sempre novos, ideias porvir, mundo sempre porvir, que nunca chega, mas que nunca cessa de chegar.

Ficção do Eu

O "eu" é uma ficção que resultou das forças repressivas que inibem os instintos. Essa interiorização da cultura é o que faz do "bicho" um  animal domesticado chamado homem. O "eu" funda-se na junção de tudo aquilo que faz esse indivíduo acreditar que ele é "eu". Mas basta um abalo para que o "eu" se veja fora de seus gonzos e seja diluido no tempo.

Totalidade

Da incapacidade teológica de discernir um esquizofrenico de um homem possesso - se é que esse algum dia existiu – ou, de separar um pensador de um herege, os pretensos teólogos totalizam todos como possessos. Na dúvida decidiram por levar todos à fogueira. A vontade de verdade não suporta a não totalização. Separa tudo em dois para depois totalizar na dualidade do Bem e do Mal.

A dissimetria do amor

Quantos amam, mas não desejam. Quantos desejam, mas não amam. Muitos amam, mas não podem por limitações do pensamento se entregar plenamente ao amor:   esses amam com culpa.  Amores proíbidos, amores permissivos, amores libertinos, amores entre os mesmos – homoafetivos -, amores divergentes, amores convergentes por algum tempo. Amores secretos com cheiro de pecado, amores divinos, amores selvagens, múltiplos amores. Uns tantos, amam tanto, mas   não são amados. Outros tantos, são amados mas não amam. Há os que amam sem saber, os que não sabem que são amados, os que passam a vida sem amar ou serem amados. Há tantos que se distanciam por falta de desejo, mas com muta   dor de amor que existirá para sempre. Muitos   amam em secreto silêncio em nome do amor: o amor dos que nunca se entregam. O amor dos que amam a qualquer um, em qualquer tempo, mas sem amar pelo menos um especificamente. Existem ainda, os que quase amam, quase amaram, quase foram amados.   Nem mesmo