Desejo
Já não cabe falar de desejo-falta, pois aquilo que falta acaba por ocupar um lugar de objeto. Para escapar do objeto não é suficiente silenciá-lo sob o signo da falta ou dos fantasmas: ele se presentifica no vazio da carência de ser objeto. Essa carência em-ser nem mesmo pode se constituir em campo de imanência ao desejo, pois a falta remeteria o desejo a algo que funcionaria como um ponto de partida, uma lembrança, uma imagem ou mesmo uma lei onipresente que funda um significante. Qualquer operação dessa ordem roubaria do desejo a sua natureza livre e imanente ao corpo sem órgãos. Este é um corpo destituído de imagem. O desejo está em estreita relação com a matéria em movimento, ao plano de imanência, então, já não é o desejo que desejava o perdido, mas o desejar em infinito, movimento em ação mergulhado sempre num campo intensivo. O processo de desejo é gozo e não carência ou demanda. O desejo não tem nada a ver nem com a carência, nem com a lei. Então, desejar não si