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Mostrando postagens de setembro, 2012

Dogmas

Tudo pode ser criticado, exceto os dogmas. Por uma única razão, os dogmas não suportam as crítias e os dogmáticos mais fundamentais assassinam os críticos.

Novidade

O homem vive um dia novo cada dia, não pelo fato de ser um outro dia, mas pela única razão da impossibilidade de haver qualquer repetição do mesmo duas vezes.         Nada se repete para sustentar uma identidade do igual, nada de absoluto permanece no mundo além das leis necessárias – existir e morrer, por exemplo -, nada suspenso, nada de eterno além da eternidade do eterno retorno da diferença. Tudo está em contínua fuga eternamente. Eis a única e verdadeira boa nova!

Religião

Consta numa igreja do centro da cidade uma escritura do santo padre Leão XIII: “concedo 100 dias de indulgência aos fiéis que esta cruz beijarem com devoção recitando um padre nosso”. A mais de um século os adultos continuam acreditando nesses 100 dias de liberação de suas culpas. Desde que os pais internalizaram a lógica do castigo e da recompensa, ligada a doação de afeto e graça aos filhos, em troca de obediência, já não será mais de um pai externo que os seres humanos precisarão, mas da estrutura por eles interiorizada na mente dos filhos. Do pai presente dentro de casa, ao pai abstrato de Roma e, por extensão, ao Padre Nosso celestial, são modos de subjetivação que faz o “bicho homem” obedecer e acreditar nas recompensas. É um movimento de fora para dentro, as figuras de autoridade se transformam em estruturas psíquicas que passam a operar no lugar das primeiras. Depois de se interiorizar, separar e marcar na mente e no organismo as noções de recompensa e castigo, é o

Lembranças

Os trilhos paralelos de ferro serpenteavam por entre os montes do lugar Um vale onde o verde predomina, mas em intervalos de tons de verde, cinza, apareciam multiplicidades   de tantas cores de flores e folhas Nossa casa, assim como tantas outras, sobressaia do verde em sua cor branca Sob a neblina e orvalho da manhã, formava-se uma imagem de um vivo quadro de parede antiga A casa branca de telhado musgo, de um envelhecido verde de lodo, testemunha de tantas estações Era ela mesma, a casa, uma estação antiga e abandonada pelo progresso que, junto com a velha máquina esfumaçada, que com seu apito estridente das madrugadas, foi-se também para nunca mais voltar A casa branca, antiga estação, de onde tantos chegavam e outros tantos partiam, ficou à sombra do vale juntamente com os velhos e enferrujados trilhos Deveria ser possível legislar sobre a conservação dos restos de sentido das vidas que ali viveram Esse tipo de memória não adoece ninguém, mas vivifica a al

Encontros

Por lógica, os encontros só se dão entre os corpos, e os corpos são relações entre forças, forças de conservação e forças de destruição, pulsão de vida e pulsão de morte, como diz Freud.   Nesse sentido, um corpo já compreende um encontro de forças. Mas existem os encontros entre corpos onde cada corpo mantém a sua relação de força. Não existem desencontros, esses são apenas uma forma do senso comum se referir, tudo é encontro de corpos. A vida toda se baseia em encontros. Nem mesmo poderia existir vida sem encontros de corpos. A pulsão erótica é a força de atração dos corpos que agem numa espécie de determinismo de continuação da vida. Por outro lado, a força de repulsão da física deve ser a mesma força desruptiva ou pulsão de morte do dualismo freudiano. Pode-se entender por princípio, que os encontros serão sempre traumáticos por se constituírem basicamente de forças opostas. Não existem encontros idílicos por muito tempo. Nem podem existir paraísos eternos - como desej