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Mostrando postagens de outubro, 2014

Educação

Diário de classe: para entender o fosso abissal do ensino médio no Brasil. A Constituição de 24 de fevereiro de 1891 criou a escola do "povo" e as escolas seletivas (Pedro II). A primeira se destinava ao ensino elementar que não levava ao ensino secundário, nem, muito menos à universidade. A segunda, foi criada para preparar para a universidade e ensino das humanidades - ciências, artes e letras - Dessa forma, a história de nossa educação confirma: filhos de pedreiros, carpinteiros, agricultores... não precisam estudar, pois, têm que trabalhar (Clécio Branco - aula de sociologia).

Educação

Diário de classe: quando um governo decide criar leis que levem o "povo" à universidade, estranhamente é a mesma elite de 1891 que reage contra, mas de forma velada - num suposto discurso político que quer se justificar como medida discriminatória o fato desse acesso ser feito por lei - o fosso que separa o chamdo povo, da universidade, não pode ser atribuído ao ensino médio atual, fraco e debilitado como o é, mas aos fatos históricos que constituem a divisão de classes desde a exclusão da segmentarização das escolas em classes superiores e inferiores (Clécio Branco - aula de sociologia).

Educação

Diário de classe: a seleção é óbvia em cada etapada de escolarização no Brasil. Se os filhos dos trabalhadores não tinham acesso às boas escolas, a aprovação ao "madureza" e ao ingresso nas universidades ficaria assim garantida aos filhos da elite que frequentavam as escolas que para eles foram destinadas. A elite aliada ao poder público fazem um pacto cínico e sombrio que não pode ser visivel à maior parte da população. Ao dizer que o ingresso às universidades é justo, democraticamente por seleção de provas, o cinismo esconde a origem de cada indivíduo em relação à escola que pôde frequentar (Clécio Branco - aula de sociologia).

Educação

Diário de classe: para entender o fracasso da escola do povo: O ginásio era, assim, “um curso de caráter aristocrático, profundamente seletivo” e predominantemente masculino: os pobres e as mulheres raramente tinham acesso a esse tipo de ensino (ANTUNHA, 1976)" - Clécio Branco - aula de sociologia-      

Educação

Diário de classe: para entender a divisão de classes sociais no Brasil: até 1931 o ensino se dividia entre, a formação do ensino secundário, que preparava para a universidade - sem esse diploma ningém entrava na universidade - e os cursos de formação profissonal que preparava para o trabalho. O primeiro só era possível através de seleção. E os cursos de formação, se destinavam aos que não tinham preparo para ingressarem no curso secundário com objetivo à universidade. Vejam que na taxionomia da formação, um degrau condicionava ao outro e determinava o rumo histórico de duas classes distintas (Clécio Branco - aula de sociologia).

Educação

Diário de classe: para entender a divisão de classes sociais no Brasil: até 1931 o ensino se dividia entre, a formação do ensino secundário, que preparava para a universidade - sem esse diploma ningém entrava na universidade - e os cursos de formação profissonal que preparava para o trabalho. O primeiro só era possível através de seleção. E os cursos de formação, se destinavam aos que não tinham preparo para ingressarem no curso secundário com objetivo à universidade. Vejam que na taxionomia da formação, um degrau condicionava ao outro e determinava o rumo histórico de duas classes distintas (Clécio Branco - aula de sociologia).

Educação

Diário de classe: entendendo as condições históricas da segregação social no Brasil: Um levantamento realizado pela Divisão do Ensino Secundário em 1939 mostrava que, dos 629 estabelecimentos existentes em todo o país, 530 eram particulares. Quase um terço dessas escolas encontrava-se no Estado de São Paulo ... (196), que também possuía quase a metade das escolas públicas do país (43 das 99), constituída por uma grande rede estadual de ginásio e escolas normais (SCHWARTZMAN et al., 1984, p. 190). Os filhos dos tabalhadores não teriam acesso às escolas particulares de ensino médio, por um lado. E por outro, também não teriam acesso ao ensino médio das escolas públicas por serem seletivas. Ou seja, sobrava a opção aos filhos dos trabalhadores continuarem sendo trabalhadores e, aos filhos das elites seguirem na formação exclusiva de cargos de mando (Clécio Branco - aula de sociologia). Ps. adoro ser professor de sociologia.

Educação

Diário de classe: entendo melhor o "fracasso do ensino secundário" no Brasil. Na gestão militar dos 20 anos: "O empobrecimento dos currículos escolares com a retirada e o esvaziamento dos conteúdos de formação geral, imprescindíveis para a compreensão crítica da realidade social, e o fracasso na realização da pretendida formação ... técnica –— sustentada nas teses ideologizadas da Teoria do Capital Humano que subordinavam a educação às demandas do mercado de trabalho — implicaram a descaracterização e a maior desqualificação do ensino médio, vindo somente a reforçar a dicotomia entre a educação para a “elite” e a educação para o trabalhador" (Clécio Branco - aula de filosofia).

Democracia

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Mas o que vem a ser a "multidão molecular?" Termo provavelmente retirado da física atual - por Deleuze/Guattari - mas reutilizado por Negri/Hardt em "Multidão". Qual a razão de tal afirmação sobre a natureza da democracia do futuro? Essa de multidão moleculuar? As redes sociais deram um exemplo do que será? A multidão molecular não é numérica, mas compõe números no confronto. Ela cresce como o corpo da multidão vista por Elias Caneti. Não se sabe exatamente onde começa nem onde vai terminar, mas ela cresce como na natureza, como na lógica do rizoma - para todos os lados, sem ter como contê-la. Daí, toda a preocupação desesperada da direita paranoica, em conter as redes sociais (Clécio Branco - no café).  

Política

A burguesia nesse país se contorce de ódio por ter havido nesses anos tanto desenvolvimento para uma classe tão preterida por séculos. Odeia ver ex-pobres comprando carro, odeia ter ex- pobres invadindo aeroportos, odeia que esses ditos pobres também conheçam Paris, Londres ou Cuba. É essa realidade mudada, que essa burguesia que sempre "fedeu", odeia tanto. Não quer o pobre de CIEP nas Universidades Públicas - achavam que elas deviam ser uma propriedade da burguesia - odeia os negros da periferia indo ao doutoramento no exterior. Não suporta mais universidades federais no nordeste. Vamos continuar ... mas estejam alertas, numa noite, essa fadada burguesia pode dar o golpe. Eles são fracos, golpeiam pelas costas (Clécio Branco - professor de sociologia).

Palavras

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Nenhuma palavra de ordem, nenhuma verdade justa, apenas justas palavras provisórias para memórias curtas que se abrem aos devires sempre novos. Nenhum valor permanente que ultrapasse o justo tempo de sua utilidade, valores sempre novos, ideias por vir, mundo sempre em por vir, que nunca chega, mas que nunca cessa de chegar (Clécio Branco - aula de filosofia). Clécio Branco Gosto

Amor

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O próximo orador do Banquete é um médico, mas não esqueçam que é o mesmo Platão que escreve através desses personagens. Como bom alquimista, o médico Erixímaco propõe a união dos opostos e lança a influência de Eros sobre todos os organismos vivos. “Eros efetivamente é um grande, um admirável deus, que exerce domínio sobre todas as coisas divinas e humanas” . Para ele todos os indivíduos na natureza possuem os dois termos de divindade anteriormente ditas por seu colega Pausânias, os dois Eros agindo no mesmo corpo. A doença e a saúde são igualmente Eros, cada um amando o que lhe é próprio. Um tumor que tende a crescer se apega ao organismo para tomar seu aspecto nutritivo e fazer nele o seu desenvolvimento (Clécio Branco - no café). Gosto

Amor

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A mesma coisa dá-se em relação à parte sã do corpo que deseja permanecer viva no mundo. O médico tem o seguinte diagnóstico: “é evidente que o que é sadio nos corpos e o que é doente apresentam diferenças entre si e são dessemelhantes, e que os dessemelhantes desejam e amam a objetos dessemelhantes” . Existe uma inocência na dupla realidade erótica do termo, tanto a doença quanto a saúde têm uma força que deseja semelhante fim, crescer e existir até o seu ponto mais alto, seu limite. A força é a mesma, de Eros nas duas direções. “Um Eros, portanto, reina sobre o que é são; outro, sobre o que é doente”. Gosto

Amor

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O conselho médico é o de render homenagens à parte sã do corpo, ao que há de bom. E colocar freios e submissão ao que é mau e feio, ao que é causador da doença. Dessa forma, a medicina é a ciência do amor dos corpos, diz Erixímaco, mas do bom amor. O médico é “aquele que suscita o aparecimento do amor onde não havia amor”. Aos poucos, Platão deixa a dicotomia e assume a unidade dos oposto defendida por Heráclito. A saúde seria então o abraço dos opostos, uma aproximação das forças. Em Nietzsche, as forças de passivas devem estar a serviço das forças ativas. Na psicanálise, Eros está à serviço de Tanatus. (Clécio Branco - no café). Gosto

Amor

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Dizendo de outra forma, as forças de conservação de Eros (pulsão de vida), existem para prestar serviço às forças de demolição Tanatus (pulsão de morte). Em Heráclito e na filosofia oriental – que parece seguir Heráclito – os opostos andam lado à lado se completando. Essa é uma condição em conflito com a tradição ocidental que exclui os opostos (Clécio Branco - no café). Gosto

Amor

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Seguindo Aristóteles a tradição se baseia na identidade dos conceitos que diz que A é igual a A. No princípio de contradição que diz, A não é não-A. E na lei do meio excluído onde A não pode ser e não-A, nem A nem não-A. Conforme Erich Fromm, Aristóteles resume da seguinte forma: “é impossível para a mesma coisa ao mesmo tempo pertencer e não pertencer à mesma coisa e ao mesmo respeito; e quaisquer outras distinções que possamos acrescentar para enfrentar objeções dialéticas devem ser acrescentadas. Go

Amor

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Sendo Eros um deus - um dos mais antigos - quando o homem se acha cheio de amor é porque estaria possuído por uma divindade. E quem ama, esta acima de quem é amado. É porque se torna divino em vida - sendo um deus que habita um humano - teria a capacidade de tornar, o mortal um pouco imortal, pois ao morrer nunca será esquecido pelo seu ato de bravura (Clécio Branco - no café). Gosto

Amor

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É o caso de Alceste que se oferece morrer pelo marido, o pai Pélias, se torna nessa hora, praticamente um desconhecido, só fica unido a Alceste pelo nome de família. Alceste transformou seu ato de ir ao inferno viva em bravura perante os homens e deuses. Em sua ida ao hades consegue trazer muitas almas que lá estiveram presas. Eros é um deus que insufla coragem aos amantes para darem a própria vida em favor dos seus amados. Gosto

Amor

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No Banquete, Platão pela boca de Fedro dá esse sentido de ligação a Eros ao dizer que um exército de amantes pode se tronar invencível. Talvez daí advenha a a crença de que determinados amores e amantes seriam invencíveis por permanecerem demasiadamente unidos. Os amantes quando vitimados por Eros – Eros é representado pelo seu arco e flecha na cultura popular – faz do amor por pai e mãe parecer um nada (Clécio Branco - no café). Gosto

De volta ao amor

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Vamos tomar o grego que parece avançar nas formas de dar sentidos com outras palavras. Os gregos têm uma maneira original de dizer que dá a forma de ação as coisas. Os acontecimentos são originalmente deuses, Gaia (Terra) é uma deusa, Urano (céu) é outro deus, Cronos (tempo) e tudo mais. Até a alegria exagerada, a desmesura é um deus (Dionísio/Baco) de onde se origina a palavra bacanais. É o caso de Eros (amor erótico), um deus, filho de Póros (uma divindade) e Pênia, uma humana pedinte (Clécio Branco - no café). Gosto

Forças

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O homem, assim como o compreendemos é, em especial àquele que transforma as forças em cultura e organiza a sociedade em que vive em termos de uma civilização. É o que faz do homem um animal que evolui também em termos sociais, espirituais e materiais. Através da linguagem o homem desenvolveu a capacidade de nominar as coisas que sente (Clécio Branco - no café). Gosto

Forças

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Não podemos nos distanciar da realidade humana, de como o ser humano está definido no mundo, de como ele pode perceber as coisas e se perceber. O homem é resultado de uma organização de forças que atua nele e através dele, forças internas e externas. Essas forças são múltiplas e vindas de todos os lados. Do cosmos às células, os indivíduos são marcados por uma luta contínua travada no corpo (Clécio Branco - no café). Gosto Gosto  ·   ·  Partilhar

Amor

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As atrapalhadas do amor em Platão: Diz ele que Eros está diretamente ligado a Afrodite, e existem duas Afrodites. Logo, deve igualmente existir dois Eros. Existe a Afrodite mais velha, filha de Urano que não tem mãe, ela também pode se encontrada pelo nome de Urânia, apelidada de “a Celestial”. E existe a outra Afrodite, a mais jovem que é filha de uma das atrapalhadas de Zeus, o maior dos deuses. Zeus tinha muitas amantes, mas Afrodite era filha dele com Dione que também se chama Hera (Clécio Branco - no café).

Amor

De maneira que, havendo duas Afrodites e estando Eros ligado a elas, deve haver também dois Eros, um celestial e um abaixo desse, o filho de Zeus com Hera. Lembrando sempre que esses deuses são representações de ações e acontecimentos na vida dos indivíduos humanos. Então haveria uma forma mais elevada de paixão e uma menos elevada. Mas não importando se os indivíduos sejam homens ou mulheres, os gregos não tinham essa questão de gênero em relação ao amor.

Animalidade

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Somos todos animais e até que provem o contrário, os que pensam são os mais perigosos, traiçoeiros e egoístas (Clécio Branco - filosofia animal). Gosto

Mudanças

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A questão mais complexa enfrentada pelo pensamento, é a de como criar valores duráveis num mundo que é mutável o tempo todo. O mundo é um caos em baixo de nossos pés, em cima de nossas cabeças, aos lados de nosso diminuto corpo - e, muito mais assustador, somos um caos por dentro de nós mesmos (Clécio Branco - no café) Gosto

Mudança

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Nossos modelos morais se fundaram no antigo universo fixo, da cosmologia do relógio da antiga física. Depois da descoberta do descentramento do mundo de Copérnico, como pensar o certo e o errado baseados naquele velho mundo de certezas, quando todas as certezas foram soterradas no mundo que sucumbiu? Depois que o tempo saiu de seus gonzos? Olhamos assustados pelas frestas do mundo à espreita do próximo acontecimento. (Clécio Branco - no café).

Morte

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A morte é muito menos o corpo biológico que fenece e muito mais a inexorabilidade do tempo que determina as passagens de tudo - do belo corpo às coisas que gostaríamos de manter vida a fora (Clécio Branco - no café). Gosto

Mudança

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Tudo está em demolição ao nosso redor - tudo em está em fuga - nossos valores e normas ou as coisas mais abstratas. Das mais concretas - mesmo o aço - às mais sublimes. Nada permanece em seu estado originário - "nunca mais" como diz Edgar Allan Poe. Tudo está morrendo ou mudando para jamais retornar ao que já foi um dia. "Tudo passa, tudo muda o tempo todo" (Clécio Branco - no café). Gosto

Vida

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Relendo Spinoza, percebemos duas formas de existência - àquela que existe por si mesmo e em si mesmo, e a outra que existe dependendo da primeira. A primeira é causa de si mesmo e a segunda é causa de outra da qual depende a sua existência (Clécio Branco - aula de filosofia). Gosto

Vida

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Para os vitalistas (Nietzsche, Bergson, Deleuze...) a causa primeira que existe independente de qualquer ente existente é a vida. A vida é incriada, sem começo e sem fim. Ou seja, tudo que entra na vida é por ela mesma criada. Mesmo que nossos ressentimentos nos façam reagir em relação aos vírus ou a outras formas de vida que nos ameaçam, é a mesma vida que gera qualquer forma que dela dependa a sua existência (Clécio Branco - aula de filosofia). Gosto

Esquecimento

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A nossa cultura construiu suas bases na ferida ao mecanismo de esquecimento - esse mecanismo que as crianças ainda possuem - mas os adultos não conseguem esquecer. A educação visa gravar na memória. Não se exige criar, apenas gravar. Todo ressentimento de nossa civilização liga-se a uma pedagogia do não esquecimento. A palavra de ordem é re-lembrar e sentir de novo. Nada mais mesquinho em relação à capacidade desmesurada da mente humana(Clécio Branco - aula de filosofia). Gosto