Uma pausa...
Vamos
fazer uma pequena pausa nos textos filosóficos pensando um filme. O filme é Dogville
de Lars von Trier, estrelando Nicole Kidman e Paul Bettany entre outros. Penso
que o filme quer dizer o seguinte: para fazer o mal o ser humano não precisa
ter motivos.
As
desculpas, as racionalizações existem para encobrir o fato de que “não
precisamos ter motivos para praticar o mal”, nós praticamos - o mal - movidos
pelo desejo. Como bem sentenciou Sigmund Freud, o homem usa o semelhante para
subtrair dele o prazer que deseja. O prazer pode ser coisas, uma propriedade,
quantia de dinheiro que compra coisas do desejo, sexo, status, qualquer coisa.
É
isso o que ocorre na pequena vila de Dogville.
Tudo se reduz a isso, subtrair do outro tudo aquilo que se quer. Nesse sentido,
todas as formas de moralismos estarão a serviço de tal empreendimento. O Eu
perverso não “pode”, não “permite” que sua podridão more em sua consciência.
Ele se faz parecer ético e acredita que é.
Nada
escapa de servir aos desejos mais vis. A vila se organiza como uma igreja evangélica
de nossos dias: ela tem doutrinas e doutrinadores, possui fundamentos morais
para suas decisões, comissões de disciplinas e tudo em nome da verdade e de uma
moral branca.
As
mentiras dos moradores são lavadas por axiomas de verdades – tudo em nome da
suposta paz dos moradores. Tudo é falso. E quando se pretende ser verdadeiro
não convence, pois verdades que soam falso são “verdades” que escamoteiam o
verdadeiro desejo escuso. É um filme que soca a ferida narcísica do idealismo
moral cristão. Não pode ser visto por moralistas – eles (as) não compreenderão
nada.
O
final é trágico, mas eloquente e justo.
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