A síntese II
Depois do problema da síntese, a questão se resume a seu uso. A síntese
pertence ao processo primário, mas o problema de uma sociedade em relação ao
controle dos fluxos já se encontra na fase secundária, que, contando com os
meios de captura, das figuras parentais, globalizam-nas em formas de
autoridades disseminadas. A isso, os autores nomeiam “uso ilegítimo (global e
específico)”.
Aproveitando a dependência da mãe nos primeiros anos de vida, a
psicanálise põe o desejo em relação a um sujeito que já se encontra binarizado
em seu sexo: a mãe já se encontra em seu lugar e o pai em sua função. “(...) O
desejo recebe um sujeito fixo, isto é, um eu especializado num ou noutro sexo,
e objetos completos determinados como pessoas globais.”[1]
A riqueza dos objetos parciais é soldada em conexões fixas com figuras
inventadas. “(...) A conexão dos objetos parciais é substituída por um regime
de conjugação de pessoas.” São as mil conjunções dos objetos parciais que se
reduzem a duas ou três, no máximo. A inocência dos fluxos não pode discernir a
estratégia da família. Mas é risível acreditar que fluxos libidinais obedeçam
às regras da família, possam submeter-se, mas não por muito tempo. No entanto, não
é fácil desfazer o entrelaçamento do conjunto, das conexões de “máquinas-órgãos
próprias à produção desejante” depois de serem “substituídas por uma conjugação
de pessoas que obedecem às regras da reprodução familiar”.
Os pais se constituem em pequenos corpos plenos sem órgãos, e já se tem
a impressão de que “os objetos parciais parecem agora extraídos de pessoas, e
não dos fluxos não pessoais que passam por todos eles”. As conexões cessam para
dar lugar a uma espécie de regime de propriedade privada. “(...) Os objetos
parciais, em vez de sofrerem uma apropriação conectiva, transformam-se nas
posses de uma pessoa e, se preciso for, na propriedade de outra pessoa.”[2]
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