Máquinas desejantes IV
Vemos que a máquina pensada como máquina desejante não possui sujeito,
no sentido de que não há uma inteligência comandando seu funcionamento. O que
também não significa que tais máquinas são elas mesmas sujeitos; elas não são
instrumentos nem criações de sujeitos humanos. As máquinas são criações de
outras máquinas, em uma corrente infinita de produção e criação. Assim, não há
um ponto original que inicie tal processo de produção: trata-se de um processo
infinito em que tudo é produção de máquinas, por isso a afirmação “Tudo é
máquina”.
Por outro lado, a máquina também não possui objeto, no sentido de
objeto ideal perfazendo um certo funcionamento de tal modo para atingir
determinados fins: não há um complemento único e necessário para a máquina,
determinando sua função específica. De fato, quando esta opera sobre objetos e
fluxos, não é possível distinguir entre produto e produtor, o produzir e a
produção, já que ambos possuem a mesma natureza, que é a essência da produção.
“Não há esferas nem circuitos relativamente independentes: a produção é
imediatamente consumo e registro, o consumo e o registro determinam diretamente
a produção, mas determinam-na no seio da própria produção.”[1]
Afinal, o termo “máquina”, que apresenta a vantagem de ser neutro por
designar tanto atividade quanto passividade, serve principalmente para afirmar
a produtividade do ser, já que todas as máquinas são potencialmente capazes de estabelecer
conexões infinitas. Além disso, é um termo que invoca imediatamente a ideia de
produção material, distante de qualquer aspecto idealista, como pretendem
Deleuze/Guattari.
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