Sono e sonhos

O belo filme "Inception" (A origem) de Christopher Nolan, nos chama a atenção para uma cena em que indivíduos se encontram sob sono induzido - em meio ao sono - eles sonham. 

Diz o especialista em induzir sonhos profundos - sonhos dentro de sonhos - que eles vão lá para acordar.

 Em Ensaio sobre a cegueira de José Saramago, algo é dito no mesmo nível: "é preciso ficar cego para poder enxergar". Em Matrix, a bela trilogia, vivê-se numa simulação de mundo como se fosse a realidade. 

Nós vivemos num mundo de simulação que é tomado como verdadeiro, achamos e aprendemos a pensar como se tudo fosse real. Mas não deixa de ser, mas é um real imaginário. 

Ninguém pode negar que o mundo da Disney não seja real, está tudo lá, mas é ao mesmo tempo, um mundo imaginário: nada é de verdade, até os risos amarelos são arrancados - dos funcionários para fazer jus ao salário e, dos turistas, porque é imperativo sorrir. Imagina viajar tanto, pagar tanto e não sorrir!? - Devemos estar dormindo sem saber, e sonhando um sonho induzido pela indústria cultural. 

Nesse caso, precisaríamos acordar para vivermos nossos próprios sonhos. Pode ser que eles sejam mais assustadores, mais reais. E que nossos sonos e sonhos, assim como denunciados na ficção, deixem de ser um roteiro escrito pela ordem do dia do sistema que prefigura os acontecimentos, o que faz - assim com em O ShowTruman - pensar que o verdadeiro seja apenas isso que vivenciamos e nada mais. 

Desse roteiro todas as indústrias levam vantagem, a cultural, a do lazer, a da arte, a da religião que se passa por neutra. Sendo ela, a religião, que vai nos salvar do roteiro apocalíptico, torna-se a única venerada e impossível de ser demolida. 

Existe um programa para vermos as coisas como as vemos ou o programa é para fazer com que as coisas apareçam da forma como nos aparecem?

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