A dívida eterna II
É necessário introduzir um deus, mas tendo
o déspota como mediador direto. O déspota é o paranoico que espalha terror por
onde passa. Moisés soube disseminar o terror em torno do santuário portátil:
nuvem de fogo durante a noite, nuvem de sombra durante as caminhadas ao sol
escaldante durante o dia. Pedras preciosas no peitoral de Arão para reluzir,
sinal da aprovação-reprovação de Deus.
Os filhos de Arão foram fulminados pelo
fogo do altar por oferecerem sacrifício estranho aos olhos de Deus.[1] Sangue,
muito sangue, para aplacar a ira do Deus ciumento. Flavio Josefo se refere a
Moisés como o “incomparável Legislador”.[2] Moisés
recebe diretamente de Deus os estatutos e as Leis para o povo. Ao sair do Egito
com a multidão de escravos rumo às terras de Canaã com o deserto no meio, Deus
mostrou a Moisés o modelo do santuário celestial para que ele construísse o santuário
na Terra: “E me farão um santuário, para
que eu habite no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo de
todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.”[3]
O santuário celestial é o modelo do
santuário terrestre: tudo começa com a visão de um homem desesperado diante de
uma multidão queixosa, faminta e descrente. A arca da aliança, símbolo sagrado
do concerto de Deus com o povo semita, guardava as tábuas da Lei imperfeita, que,
escrita em pedra, era a representação dos estatutos e juízos celestiais.
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