Conclusão...
“O corpo sem órgãos não é a testemunha de um nada original, muito menos
o resto de uma totalidade perdida. Sobretudo, não é uma projeção; nada tem a
ver com o corpo próprio ou com uma imagem do corpo.”[1]
Não é por acaso que O Anti-Édipo o
chama de “superfície deslizante, opaca e tensa”, estranha superfície que
permeia “máquinas-órgãos”, fluido amorfo, líquido que escorrega por pequenas
brechas.
Para os autores, o problema da psicanálise é que ela ficou no meio do
caminho. Freud negou sua maior descoberta (a libido), acabou por neutralizá-la,
voltando-a contra a vida. Nesse mesmo sentido, o sistema capitalista se valeu dessa
contradição, usando a morte como significante, a “casa vazia” que é deslocada
para toda parte a fim de tapar buracos esquizofrênicos. Capitalismo e
cristianismo operam um casamento, não desejam a morte, mas o que desejam já
está morto,[2]
a produção desejante, a produção de produção.
A questão maior é encontrar o ponto que liga as quantidades intensivas
do corpo sem órgãos e a formação dos órgãos – esse ponto de passagem do mundo
pré-subjetivo, pré-psíquico e ontológico para o mundo das coisas formadas. Daí
a necessidade de uma reviravolta nos conceitos psicanalíticos do inconsciente e
do desejo, bem como a nova interpretação das pulsões, que passam a vigorar nos
termos do Anti-Édipo. Contamos com um elemento que vai à superfície
deslizante do corpo sem órgãos, milhares de idas e vindas em um instante, as
máquinas desejantes.
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