Conclusão - plano de imanência

Então, o que nos falta para escapar ao intolerável? Fugir dos consensos da história, das contemplações, das comunicações, dos valores ideais. Como dizem Deleuze/Guattari, falta-nos criar resistência ao presente. Como insistem Negri/Hardt: “A criação de conceitos faz apelo por si mesma a uma forma futura, invoca uma nova terra e um povo que não existe ainda”.[1]
Esse povo e essa terra não se encontram nas democracias. As democracias são de uma maioria estatística, e esse povo e essa terra porvir são de um devir-minoritário que, constantemente, se desvia do presente, escapa no entretempo, entra em devir, traça linhas de fuga que produzem rupturas na história. A multidão da democracia é arrastada nessa nuvem intempestiva pelos devires que se agitam em seu interior: há um devir-minoritário no seio de toda maioria democrática que a arrasta rumo a uma nova terra.
O porvir não é um futuro da história, mas, como percebem Deleuze/Guattari, o “intensivo ou o intempestivo – não um instante, que está no tempo, mas um entretempo, um devir”.[2]




[1] NEGRI, A. e HARDT, M. Império. Tradução de Berilo Vargas. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2006, pp. 281-301; DELEUZE, G. e GUATTARI, F. Qu’est-ce que La philosophie?, p. 104.
[2] DELEUZE, G. e GUATTARI, F., Qu’est-ce que La philosophie?, p. 107.

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