Introdução VIII

O livro não deveria ser visto apenas como um efeito do acontecimento político de maio de 68 na França, mas, também como uma referência a esta data a partir da qual tudo eclodiu. Não é simples, há um contexto que ganha corporeidade com a “revolução frustrada” daqueles dias. Segundo Manuel Carrilho, “maio de 68 foi a manifestação de todas as pulsões libidinais em cuja violenta repressão o poder sempre se constitui”. A proposta do livro é grandiosa quando se define como uma análise do poder e do desejo nos momentos em que esses mais se fazem presentes, nos acontecimentos sociais. É uma outra maneira de interpretar a sociedade e a história. O desejo está enxertado de uma ponta à outra nos acontecimentos sociais. O nazismoda Alemanha de Hitler e, toda espécie de fascismo, não só o da Itália de Mussolini são frutos de um movimento revolucionário, e se não for visto desta forma corremos o risco de não entendermos esses acontecimentos. “O que animava as massas alemães? Era uma libido revolucionária que se cristalizou numa máquina medonha – e o stalinismo é, de certo modo, a mesma coisa”. O livro ressalta que, para entender as formações macros, as superestruturas, é preciso considerar “uma infra-estrutura, é dela que o desejo faz parte. E a economia para continuar a ser política tem de ser, fundamentalmente, libidinal”. É preciso ter à mão esses fatores que potencializam a produção do Anti-Édipo.

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