Conclusão...

O que a experiência dos experimentadores indica, em relação às drogas (mescalito, erva do diabo etc.), é que eles entram nesse estado de afecção pura em relação ao corpo. Um corpo sem referências fantasmáticas, sem juízos ou que o subjugue é um corpo sem órgãos, plano intensivo de puro desejo. 
O corpo sem órgãos só chega através de um conjunto de práticas; na verdade, não se chega, não se pode chegar, nunca se acaba de chegar a ele, porque ele é um limite puro. Diz-se “que é isto – o CsO –, mas já se está sobre ele, arrastando-se como um verme, tateando como um cego ou correndo como um louco, viajante do deserto e nômade da estepe”.[1]
A consciência é atraída por alguma coisa que não se encontra em si mesma. Seria esse lugar sem fronteiras, o “mundo de anarquias coroadas?”. 
A consciência se encontra limpa de imagens para que as forças ativas possam ser reagidas à consciência, e a pulsão de morte possa cumprir seu papel de violência que obriga o pensamento a criar. Diz Castañeda: “Meus sentimentos eram sensações corporais nítidas; não precisavam de palavras. Eu sentia que estava correndo pelo meio de algo indefinido.”[2] Castañeda apresenta uma metafísica etnográfica em duas realidades, dois mundos. O tonal é alusivo ao mundo sensível. Tonal é tudo o que pensamos e que se torna pensável. E nagual é o mundo ainda impensável.



[1] DELEUZE, G. e GUATTARI, F., Mille Plateaux., pp. 185-186.
[2] CASTAÑEDA, C., op. cit., p. 21.

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